Bullying é o termo usado para definir comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos, sem uma razão aparente e que ocorrem entre adolescentes e crianças. São aquelas zombarias perversas que prejudicam a vida de determinados alunos – situações que muitas vezes descambam para a violência, física ou emocional.
O cyberbullying é a variação desse problema no ambiente digital. Pela velocidade da expansão da web, fixa e móvel, o tema despertou a atenção de pesquisadores e especialistas.
A diferença principal entre o bullying e o cyberbullying é que, no virtual, o anonimato acoberta o agressor – isso apenas num primeiro momento, pois uma investigação judicial permite a identificação posterior.
Ataques pela internet
A versão virtual do problema se manifesta por meio de redes sociais, torpedos, blogs e comunicadores instantâneos, entre outros canais. Por meio de perfis falsos ou anônimos, o agressor espalha boatos maldosos com o objetivo explícito de prejudicar alguém.
Trata-se de um assunto que merece a atenção de pais, educadores e, claro, das crianças e adolescentes. Segundo a pedagoga Cleo Fante, pesquisadora do assunto, é preciso ter em mente que o bullying e o cyberbullying são problemas que ocorrem apenas entre adolescentes e crianças. No caso de adultos, ele é tratado como assédio moral – ou virtual, se for na internet.
“Antes o perigo estava na rua, na escola. Agora, está também na web”, afirma Cleo.
Seja na versão tradicional, seja na digital, os objetivos são parecidos: amedrontar, perseguir, tiranizar, difamar, abusar ou chantagear.
A intenção de Cleo, que debateu o tema em encontro organizado nesta quarta-feira (3/3) pela empresa de segurança McAfee, não é instaurar o pânico em relação à internet, mas apenas alertar para o fato de que, com a disseminação das redes sociais e da web móvel, a ocorrência do cyberbullying ficou mais fácil, o que exige novos cuidados.
Para auxiliar pais, educadores e os próprios adolescentes e crianças que navegam na rede, Cleo preparou algumas dicas para lidar com o cyberbullying.
Doutoranda em Ciências da Educação, Cleo Fante pesquisa o bullying escolar desde o ano 2000. É coautora, com José Augusto Pedra, do livro “Bullying Escolar – perguntas e respostas” (Editora Artmed).
Veja as dicas:
- · Acompanhar a relação de seu filho com a internet é uma medida necessária. Procure saber por que sites ele navega e com quem se relaciona nas redes sociais.
- · Estabeleça limites. Faça um acordo com ele e defina a quantidade de horas livres para usar a web.
- · Em vez de instalar o computador no quarto, deixe-o em uma “área pública” da casa, como a sala. Nesses locais, é mais fácil saber por onde ele navega.
- · Demonstre interesse sobre o universo digital. Converse com ele sobre redes sociais, internet, abra esse tipo de diálogo.
- · Oriente-o sobre os riscos que existem no ambiente digital, como o contato com pessoas estranhas que podem estar mal intencionadas.
- · Alerte-o para os cuidados que devem ser tomados com a privacidade. Converse sobre os perigos de postar fotos, dados pessoais ou lugares frequentados.
- · Todo o cuidado é pouco com a webcam. Muitos adolescentes se expõem em demasia na frente da câmera do computador, colocando-se em poses sensuais ou até mesmo nuas. O detalhe é que essas imagens podem ser remontadas de modo a atacar a reputação da pessoa.
- A vítima de cyberbullying deve reunir todas as provas possíveis dos ataques sofridos, como cópias de e-mails, mensagens SMS, de telas de blogs ou perfis de redes sociais. É importante salvar e imprimir o conteúdo, inclusive bate-papos em comunicadores instantâneos. Para ter validade jurídica, as provas devem ser registradas em cartório e deve-se fazer uma declaração de fé pública, para provar que o crime foi cometido. O passo seguinte é procurar uma delegacia comum ou especializada em crimes cibernéticos e fazer uma queixa-crime.
- Outra medida importante é notificar o provedor do serviço de internet para que o conteúdo ofensivo seja removido.